Penúltimo debate da campanha no primeiro turno, o encontro foi marcado por uma dobradinha entre Jair Bolsonaro e Padre Kelmon
A ausência do ex-presidente Lula (PT) foi um dos principais temas do debate entre presidenciáveis realizado neste sábado (24) pelo SBT em parceria com CNN, O Estado de S. Paulo, Terra, Veja e as rádios Eldorado e Nova Brasil.
Convidado para o encontro, o petista trocou a agenda para participar de um comício em São Paulo.
Adversários no pleito, Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União) dirigiram ataques ao petista, cujo lugar permaneceu vazio durante o programa.
Também participaram do debate os concorrentes Felipe d’Ávila (Novo) e o Padre Kelmon (PTB).
Segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro foi alvo prioritário de Simone e Soraya. Primeira a perguntar, a emedebista questionou o presidente sobre cortes de verbas para merenda escolar e creches. Em seguida, abordou o chamado orçamento secreto.
Já a representante do União Brasil interpelou o candidato à reeleição sobre compras de remédios e produtos como Viagra.
Bolsonaro negou qualquer interferência na divisão do bolo orçamentário, responsabilizando o Congresso pela distribuição de recursos. Também desconversou sobre redução na verba para creches.
“Eu não sei para onde vai o dinheiro do orçamento secreto”, devolveu o nome do PL.
Ao longo do debate, o SBT concedeu três direitos de resposta ao presidente. Num deles, Bolsonaro rebateu críticas de Ciro, mencionando operação da PF.
Em sua réplica, Ciro listou suspeitas de corrupção na gestão bolsonarista. O candidato chegou a citar a compra de 51 imóveis em dinheiro vivo denunciada numa série de reportagens pelo Uol.
Penúltimo debate da campanha no primeiro turno, o encontro foi marcado por uma dobradinha entre Bolsonaro e Padre Kelmon.
Noviço em corridas eleitorais, o religioso, que substitui Roberto Jefferson na disputa, foi uma espécie de escudo do chefe do Executivo.
Ante as críticas de Simone, Soraya e Ciro, o petebista falou sobre governos de esquerda e fez referência indireta a Lula, ecoando discurso de Bolsonaro.
Em um desses pontos, bateu boca com a candidata do MDB. Interrompendo Simone, o padre – que, a rigor, não se ordenou padre na Igreja Ortodoxa – tentou ensinar a Tebet o que era feminismo.
“O feminismo no Brasil precisa ser entendido não como uma pauta de esquerda, mas como uma pauta cristã”, defendeu a emedebista.
Numa questão endereçada a Ciro, Kelmon quis saber se o oponente era a favor ou contrário ao aborto e o instou a assinar um documento favorável à vida, segundo ele. O pedetista driblou a pergunta.
Bolsonaro, por sua vez, foi pouco acionado em relação à censura que sua campanha tentou impor ao tema da compra dos imóveis – a decisão judicial que bloqueara a reportagem sobre o assunto foi derrubada pelo Supremo na última sexta-feira, 23.
O presidente esteve sob pressão, no entanto, quando criticado por Soraya. “O que é, o que é: não reajusta merenda escolar, mas gasta milhões com leite condensado, tira remédio da farmácia popular, mas mantém a compra de Viagra, não compra vacina para Covid, mas distribui prótese peniana para os amigos?”, perguntou a candidata. (O Povo - é parceiro de oxereta.com)